O primeiro registro de aproveitamento hidráulico para geração de energia elétrica no Brasil, data de 1883 na Usina Ribeirão do Inferno, nome de um afluente do Rio Jequitinhonha, localizada em Diamantina, Província de Minas Gerais, como era denominada na época.
Essa usina era particular e usava a energia para extração de minério. Era constituída de 2 geradores de corrente contínua de 8cv de potência cada, que aproveitava o desnível de 5m da barragem e movia uma roda-d’água de 3,5m de diâmetro.
A energia gerada era utilizada para o acionamento de bombas e era transmitida através de uma linha de transmissão de 2km de extensão, pasmem, a maior do mundo no momento, tendo apenas como concorrente outra de 1,5km nos Estados Unidos em Niágara Falls.
Também em Minas Gerais, em 1887 outra usina hidrelétrica entrou em operação. Estava localizada em Honório Bicalho, o que é hoje Nova Lima, aproveitava um desnível criado de 40 metros no Ribeirão dos Macacos e tinha uma potência de 500cv, um grande salto em relação a primeira. A usina pertencia a Cie. des Mines d’or du Faria, tinha 2 dínamos Gramme que eram acionados por grandes rodas d’água de 20 pás. A utilização da energia era basicamente para a mineração de ouro, compreendendo a movimentação dos vagonetes, alimentação de bombas de drenagem e iluminação da mina e das habitações dos empregados.
A princípio as usinas se destinavam a atender aos serviços da atividade econômica que fez o investimento, mas com o passar do tempo foram aumentando as potências instaladas e assim podendo atender a população das vizinhanças e otimizar o capital investido nas usinas.
A Usina Marmelos-Zero no Rio Paraibuna em Juiz de Fora, foi a primeira hidrelétrica com fins de serviço público instalada no país em 1889. Inicialmente tinha duas turbinas com capacidade total de 250kW, e posteriormente em 1892 foi ampliada com mais uma máquina de 125kW. Com a implantação da Usina Marmelos-I em 1896 essa usina foi desativada.
O interesse e a necessidade de energia aumentavam devido a uma crescente mudança do perfil do Brasil de um país agrícola para o início da fase de industrialização, com maior aporte de investimentos de empresas de geração térmica e hidrelétrica, transmissão e distribuição de energia.
A matriz de geração de energia elétrica do Brasil em 1900, era 54,5% térmica em 6 usina contra 45,5% hidrelétrica em 5 usinas, com uma potência total instala de 12.085kW. Em 1950, 50 anos depois, o senário era bem diferente sendo majoritariamente a geração de origem hidráulica no país (82%), confirmando a tendência de aproveitamento dos seus recursos hídricos. A essa época, tínhamos 1.089 usinas hidrelétricas, responsáveis por gerar 1.536.177kW, 987 termelétricas e 16 mistas, com capacidade de geração de 346.830kW. Nesse período surgiram os investimentos das empresas estrangeiras como Light e posteriormente as empresas governamentais, como Furnas, CHESF e outras tantas, que trataremos em outra postagem.