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Na segunda metade da década de 70 quando entrei na faculdade de Enga. Elétrica, o melhor periódico técnico dessa área, chama-se Revista Mundo Elétrico, publicada pela Editora Max Gruenwald. Então, por volta do 5o semestre e mesmo com os parcos recursos que tinha como estudante, fiz a assinatura dessa revista. Esse foi o meu primeiro contato mais realístico com a engenharia, muito além de todas as físicas e cálculos que estudava e bem mais próximo da realidade dos equipamentos e sistemas que me aguardavam no campo profissional.

Cada revista que chegava era um misto de ansiedade e alegria para lê-la de cabo a rabo, até os anúncios. E por falar em anúncios, em cada um deles existia um número que inscrito num cupom que havia no final da revista e com a taxa do correio já paga, o leitor enviava para a editora da revista e recebia informações dos produtos, como folhetos, catálogos, etc., … fiquei freguês habitual daquele serviço. A revista disponibilizava uma página só para livros técnicos recomendados, ou seja, o estado da arte da engenharia.

Era a Internet da época, assim chovia informações em papel via correio de tudo que era produto e serviço, e tirei bastante proveito da forma de comunicação e interação então disponível. Quando cursei as disciplinas profissionais e iniciei a estagiar, já tinha bastante conhecimento sobre matérias e equipamentos elétricos, conhecimentos esses adquiridos através daquela revista mensal.

Nesse período, o país passava por uma fase de desenvolvimento e a área de infraestrutura crescia a passos largos, então o setor elétrico acompanhava o ritmo com grandes obras, como as usinas hidrelétricas de Itaipu e Tucuruí, a usina nuclear Angra I e o linhão de corrente contínua interligando Foz do Iguaçu a São Paulo. Não faltavam artigos com riqueza de detalhes técnicos e era uma excelente fonte de aprendizado e atualização tecnológica.

Havia também uns fascículos em páginas amarelas destacáveis, chamados de Tabelas Técnicas, que tratavam sequencialmente de diversos assuntos, com a teoria básica, ábacos, glossário técnico e referências de normas, então colecionei muitos em arquivo separado para facilitar a consulta e que me acompanham até hoje.

Quando vejo hoje a facilidade que os estudantes e profissionais têm na palma da mão, a qualquer tempo e praticamente em todo lugar, de acessar um mundo de informações de qualidade, então me pergunto: como desperdiçar tanta oportunidade de aprender e se qualificar?!

Então, ficam alguns pontos para reflexão:

Como as nossas escolas em todos os níveis de ensino podem incentivar os estudantes a aproveitarem mais as oportunidades de informação disponíveis?

Será que o fato da informação está tão acessível leva ao comportamento de quando precisar vou buscar?

Por que não o nível técnico dos egressos das escolas e faculdades não acompanhou a evolução da comunicação?

Não é minha intenção generalizar e fazer críticas, mas muito mais despertar e incentivar as novas gerações para a boa leitura e aprofundamento, tanto pessoal como técnico e profissional.